Brasil corre risco de ficar atrás da Europa?
“O momento exige uma postura proativa do governo"
                                                “O momento exige uma postura proativa do governo" - Foto: Foto: Portos RS
                    A visita do comissário europeu Christophe Hansen ao Brasil foi interpretada como um sinal inequívoco de que a União Europeia já se prepara para o Acordo Mercosul-UE, segundo análise da pesquisadora Roberta Zuge, Mestre e Doutora em Reprodução Animal pela USP e conselheira do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). Em artigo recente, ela afirma que a missão, composta por quase 80 empresas e associações do setor agroalimentar, revelou o empenho europeu em mapear o mercado brasileiro e consolidar parcerias estratégicas antes mesmo da ratificação do tratado.
Entre os participantes da comitiva estavam gigantes como Arla Foods, PHW Group e Remy Cointreau, além de entidades como FoodDrinkEurope e spiritsEUROPE, representando diversos segmentos do agronegócio europeu. Roberta destaca que o interesse não se limita a commodities, mas se volta a produtos de alto valor agregado e denominações de origem, reforçando a estratégia europeia de conquistar o consumidor brasileiro com sofisticação e identidade.
O artigo também cita o exemplo de Luxemburgo, que, apesar de seu pequeno porte, enviou vinícolas especializadas no espumante Crèment, demonstrando o nível de organização e a visão de longo prazo dos europeus. Para a autora, esse movimento evidencia que o bloco atua de forma articulada, enquanto o Brasil ainda se mostra passivo diante das oportunidades e desafios do acordo.
“O momento exige uma postura proativa do governo e, principalmente, da iniciativa privada. É hora de formar comitês de comércio exterior, estudar o mercado europeu em seus mínimos detalhes, identificar demandas e preparar a oferta. O exemplo de Luxemburgo, com seus dois vinícolas, e da Lituânia, com suas empresas de chá e grãos, deve servir como um poderoso lembrete: na guerra comercial do século XXI, não há participantes pequenos, apenas jogadores preparados. E os europeus, como demonstrou a lista de 77 empresas, já estão em campo e em formação avançada”, conclui.